quarta-feira, 13 de julho de 2016

Amônia afeta a saúde dos trabalhadores da extração de níquel . Químico causa morte e adoecimento nos funcionários da Votorantim em Niquelândia (GO), mas Justiça cala sindicato.

Usina em Niquelândia (GO) / Reprodução
Nos idos dos anos de 1940, o geólogo brasileiro formando em Londres, Freimund Brockes, percorria garimpando a mesorregião norte do estado de Goiás quando descobriu uma jazida de níquel.
A partir daí, com estudos mais aprofundados, foi descoberto a segunda maior jazida de níquel do mundo, e o então povoado chamado de São José do Tocantins foi rebatizado de Niquelândia.
A cidade atraída pelo negócio minerador não parou de crescer e hoje é o maior município em expansão de Goiás, com uma população de aproximadamente 45 mil habitantes.
Para além do níquel, a geógrafa Marly O’ Farrill Martinez, que pesquisa a região, diz haver mais 120 tipos de minérios extraídos das entranhas de Niquelândia. Entre eles, o ouro, o cobre, o cobalto, a mica, o ferro, o manganês, o cristal, o amianto, o diamante, o quartzo, o calcário, o mármore, o urânio, e outros minerais radiativos.

Segundo o Departamento de Produção Mineral (DNPM) , o níquel é indispensável para produção de fundições, baterias, eletrodos, moedas, transporte bélicos e equipamento médico hospitalar.
Estima-se que as reversas de níquel em Goiás estão próximas a 300 milhões de toneladas, sendo que 74% das reservas mundiais deste minério estão no Brasil. Destas, 37% encontram-se no município de Niquelândia.
Todavia, a utilização de amônia na exploração desse mineral torna a atividade altamente contaminante para os trabalhadores de Niquelândia, e o grupo Votorantim estaria negligenciando uma proteção adequada aos seus funcionários ao se utilizar de tal método na extração do níquel.
A geógrafa Marly alerta que “com o método empregado pela mineradora, para a obtenção do níquel, está claro que os seus empregados estão expostos diariamente à contaminação. Não resta qualquer dúvida que os ex-empregados que entraram na justiça contra a empresa se expunham a amônia enquanto trabalhavam”.

A amônia é volátil, não é possível controlar, logo a solução é não usá-la. Existem outros processos para a separação do níquel, mas é mais caro, por isso a Votorantim não quer empregá-lo”, explica.
Segundo Marly, o adoecimento das pessoas nem sempre ocorre por meio do contato direto com a amônia, mas se daria em toda a região a partir da sua dissolução com a água presente na atmosfera. “Por este motivo que, observando-se perfil de contaminados, percebe-se que independe da função que o operário trabalhou na indústria ele está contaminado. Logo, isto prova que todo o ambiente de trabalho está contaminado”, explica.

Os resultados dos laudos que Marly teve acesso, realizados com os trabalhadores doentes que prestavam serviços no grupo Votorantim, indicam que todos apresentavam os mesmos sintomas claros de contaminação toxicológicos, como insuficiência hepática, complicações gerais cardiovasculares, problemas ósseos, dores corporais, erupções cutâneas, disfunções oftalmológicas, perca do paladar e do olfato, impotência sexual e insuficiência respiratória.

Proibido falar “amônia”

A utilização da amônia no processo de exploração do níquel não ocorre à toa. Este método torna o procedimento mais barato. Além disso, outros cuidados com os trabalhadores também não são levados em consideração por tornarem a operação menos custosa.
“Teria que ter maior cuidado com equipamentos de proteção dos trabalhadores, roupas mais apropriadas, mais atenção no descarregamento da amônia, que não poderia ser descarregado a céu aberto, que é o que ocorre”, aponta a geógrafa.
De acordo com ela, a única maneira de acabar com a contaminação seria erradicar o atual processo químico.
“A amônia é volátil, não é possível controlar, logo a solução é não usá-la. Existem outros processos para a separação do níquel, mas é mais caro, por isso a Votorantim não quer empregá-lo”, explica.
O resultado da negligência da Votorantim no processo de exploração do níquel se expressa nos mais de 450 trabalhadores contaminados por amônia e em outros 50 que já teriam morrido, segundo as contas do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Extrativistas de Niquelândia (Sitien).
Como de se esperar, foram muitos os processos que os trabalhadores, assim como o sindicato, moveram contra a Votorantim. Em 2014, porém, a mineradora entrou na Justiça para processar o sindicato por difamação.
Com a causa ganha em favor da Votorantim, atualmente o sindicato não pode pronunciar amônia em seus protestos ou documentos, tampouco se pronunciar na imprensa sobre a mortalidade destes trabalhadores.
Jarbas Vieira, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), acompanhou alguns destes casos. De acordo com Jarbas, em Niquelândia o silêncio precede totalmente o assunto. “Não se fala mais da amônia por aqui. Se quer se houve qualquer notícia dela na cidade, embora alguns empregados antigos ainda continuem morrendo”, expõe.
A Votorantim foi procurada pela reportagem, mas não retornou até o momento desta publicação.



Curitiba terá ciclovias que geram energia a partir do movimento


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Os sensores, que além de sustentáveis ajudarão também na segurança dos ciclistas, serão implantados em 18,5 quilômetros de ciclovias
Foto: Cesar Brustolim/SMCS
A Soundpower, empresa japonesa de tecnologia, escolheu Curitiba para um projeto inovador no mercado brasileiro. A partir do segundo semestre deste ano, as ciclovias da cidade irão produzir energia para ajudar a abastecer um sistema de iluminação inteligente, informa o portal Hypeness.
Sensores instalados nas ciclovias produzirão a eletricidade através do som e da vibração provocados pelas bikes. Ou seja, quanto mais pessoas pedalando, mais energia será produzida. A quantidade de energia gerada será suficiente para acionar a sinalização luminosa nos cruzamentos envolvendo ciclovias e vias, além de coletar dados sobre intensidade de fluxo que irão ajudar no planejamento e expansão das ciclovias.
O projeto piloto é uma parceria entre a Soundpower, a Prefeitura de Curitiba e o governo japonês, e faz parte de um plano de iluminação já existente na cidade. “Enxergamos a possibilidade de integrar o produto deles ao nosso projeto, tornando todo o sistema mais inteligente para os ciclistas de Curitiba”, disse Fábio Ribeiro de Camargo, diretor de Iluminação Pública da administração municipal da capital paranaense.
Os sensores, que além de sustentáveis ajudarão também na segurança dos ciclistas, serão implantados em 18,5 quilômetros de ciclovias, mas trechos compartilhados como as ciclofaixas, por exemplo, não serão contemplados nesta primeira fase.

Conheça o primeiro ar-condicionado sem eletricidade


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O que para nós é comum, como eletricidade, internet, água corrente e limpa, comida, para outros é luxo.
E em alguns lugares, estas privações tornam-se um problema ainda maior por causa das altas temperaturas.
É o caso das cerca de 28 mil pessoas que vivem em Daulatdia em Bangladesh, empilhadas em casebres sem água corrente, com temperaturas que passam de 45ºC.
E com boa vontade, criatividade e custo quase zero, criaram o primeiro ar-condicionado sem eletricidade.
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A invenção é feita com um pedaço de papelão duro e uma série de garradas plásticas recicladas. São feitos furos no papelão, que acabam preenchidos com os fundos e os pescoços das garrafas cortadas.
Depois de finalizado, o painel é colocado na frente da porta ou janela. O efeito refrigerador é imediato e pode refrescar um espaço interno em mais de doze graus celsius negativos.
Isso acontece pois o ar quente entra as garrafas pelo lado de fora e depois manda um ar mais frio pra fora pela passagem do fino pescoço.
E, claro, além de trazer este alívio aos moradores da aldeia, também incentiva a reciclagem por meio da coleta de materiais.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Brasileiro cria gerador mecânico que produz energia limpa em larga escala

 
 
O “gerador de mecânico de energia” tem aparência semelhante a uma turbina solar.
21 de junho de 2016 • Atualizado às 08 : 57
 
 Brasileiro cria gerador mecânico que produz energia limpa em larga escala



 
O desenvolvedor de projetos Gerdian Correia dos Santos, afiliado à Associação Nacional dos Inventores (ANI), trabalhou durante três anos com projetos de energia eólica e solar, e isso lhe deu a expertise e a inspiração para criar o “gerador mecânico de energia”.
“Vendo e vivendo a situação de projetar nessa área [de energia sustentável], com tantas informações no meu dia a dia, comecei a estudar uma forma nova de produzir energia limpa com outra força diferente das que já existem”, conta o inventor.
O “gerador de mecânico de energia” tem aparência semelhante a uma turbina solar, com três hélices, mas que funcionam em sentido horário, movidas com forças diferentes. No interior das hélices, trilhos trabalham como elevadores de peso – “Esses pesos fazem toda diferença, criando um movimento mecânico harmônico. No momento certo, os pesos giram as hélices dando tração ao gerador. O resultado é energia 100% limpa”, explica Santos.
O invento se destaca pela flexibilidade de instalação: enquanto um parque para 90 turbinas eólicas requer 20 mil hectares de área, 500 turbinas do “gerador mecânico” podem ser instaladas em uma área de cinco mil hectares. Os parques para o gerador mecânico podem ser instalados também em áreas de baixa altitude, enquanto os específicos para energia eólica precisam de terrenos em áreas elevadas. “As eólicas precisam ter redes de transmissão para escoar energia, já o meu projeto dispensa redes de transmissão, uma vez que pode ser construído perto de uma subestação. O parque pode ser construído à beira de qualquer estrada, reduzindo o custo do projeto em bilhões”, aponta o inventor.
O “gerador mecânico de energia” já está registrado pelo brasileiro junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Hoje, o inventor busca investidores para produzir e comercializar o seu produto, seja por meio da venda ou licenciamento da patente, ou ainda via formação de sociedade.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Cerveró: a maior propina ocorreu no governo FHC

O ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró apontou em delação premiada na Lava Jato o pagamento de pelo menos R$ 564,1 milhões em propina envolvendo negócios da estatal e de uma de suas subsidiárias, a BR Distribuidora.

Segundo ele, o valor mais alto se refere à aquisição pela Petrobras, em 2002, da empresa petrolífera argentina Pérez Companc, que rendeu US$ 100 milhões em propina para integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Sem correção monetária, a cifra chega a R$ 354 milhões.

O ex-presidente FHC já se posicionou sobre a delação de Cerveró, defendendo o ex-presidente da estatal Francisco Gros. “Na época o presidente da Petrobras era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação político partidária. Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido, sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”.

Judiciário brasileiro custa 4 vezes mais caro que o da Alemanha



O Poder Judiciário do Brasil é um dos mais caros entre os países do Ocidente. Embora os juízes tenham salários mais altos, o custo total desse poder não pode ser explicado por esse quesito. O impacto nas contas é maior por conta do total de servidores do Judiciário. O Brasil tem a maior relação de servidores da Justiça por cada 100 mil habitantes. Supera, inclusive, países como a Alemanhã e a Inglaterra. Estas são apenas algumas das conclusões de um estudo feito pelo cientista político Luciano Da Ros, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

"O custo da Justiça no Brasil: uma análise comparativa exploratória" apresenta uma série de dados sobre o quanto o país tem desembolsado para fazer funcionar o Poder Judiciário (todos os níveis e ramos da justiça). Embora não seja o foco da pesquisa, o estudo acrescenta que a Justiça brasileira é uma das mais sobrecarregadas do mundo. Em 2013, o total de processos chegou a 95 milhões, o equivalente a mais de 6 mil procesos por juíz, ou quase um processo para cada dois habitante. Para se ter uma ideia, a cada ano entram no sistema judiciário cerca de 1,7 mil novos processos para cada juíz. Na Itália, essa relação é de 876; na França 455 e, em Portugal, 412. (O Blog conversou com Luciano Da Ros, veja abaixo)

A maior parte das despesas do Poder Judiciário no Brasil refere-se ao gasto com pessoal: 89% do orçamento. Entre os países europeus, esse percentual é, em média, de 70%. "O Poder Judiciário brasileiro totaliza cerca de 16,5 mil magistrados, o equivalente a cerca de 8,2 juízes por 100 mil habitantes. Trata-se de proporção que não destoa da maioria das nações e que, portanto, dificilmente explica a disparidade observada nas despesas", diz o estudo.

A maior parte do custo é para pagar mais de 412 mil servidores da Justiça, o equivalente a 205 para cada 100 mil habitantes, a maior relação entre os países considerados na pesquisa da UFRGS. Resultado, com grande número de servidores e um alto custo de manutenção, o Brasil tem um dos mais altos custos de decisão judicial: R$ 2,2 mil. Na Itália, custa cerca de R$ 1,6 mil, e R$ 2 mil em Portugal. Mas "embora os magistrados sejam individualmente responsáveis por mais casos novos por ano no Brasil do que em outras partes do mundo, o fato é que eles recebem o auxílio de uma força de trabalho significativamente maior para tanto", diz o estudo.

Como conclusão, Luciano Da Ros afirma que "há diversos motivos plausíveis que ajudam a explicar por que o Brasil precisa de um sistema de justiça mais caro do que o de países europeus ou norte-americanos, incluindo, por exemplo, o seu legado de instituições autoritárias, o longo período de incerteza jurídica derivado do cenário de sucessivas crises econômicas das décadas de 1980 e 1990, e as abissais desigualdades socioeconômicas existentes".


Governo FHC recebeu US$ 100 milhões de propina da Petrobras, diz Cerveró

O vazamento só ocorre após busca em gabinete do senador petista Delcídio Amaral, onde documentos citando o ex-presidente tucano foram apreendidos. Cerveró ainda cita o envolvimento do ex-presidente argentino Carlos Menem
 
 
Jornal GGN - O ex-diretor da área Internacional da Petrobras e um dos primeiros delatores da Operação Lava Jato, Nestor Cerveró, disse que uma das negociações envolveu uma propina de US$ 100 milhões ao governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), ou 650 milhões em reais atualizados. As informações são parte de um resumo do depoimento que Cerveró prestou ao MPF antes de fechar seu acordo de delação premiada. Só vieram à tona com o mandado de busca e apreensão no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), no dia 25 de novembro - entre os documentos, estava esse resumo.
 
O acordo de delação premiada de Cerveró com os procuradores foi acertado no dia 18 de novembro, a nível de última instância, nas investigações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) para os detentores de foro privilegiado, e não com a equipe do juiz de primeira instância do Paraná, Sergio Moro.
 
O vazamento de que a venda da petrolífera Pérez Companc envolveu propina ao governo FHC de US$ 100 milhões, ocorreu somente após a apreensão de investigadores no gabinete do senador petista Delcídio Amaral, ex-líder do governo no Senado. Á época, suspeitava-se que o parlamentar estava tentando impedir o acordo de Cerveró, obstruindo investigações e com o oferecimento de dinheiro para a família do ex-diretor da estatal. Delcídio continua detido em Brasília.
 
O documento ainda inclui o envolvimento de Oscar Vicente, principal operador do ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999), que teria se beneficiado com US$ 6 milhões.
 
"A venda da Pérez Companc envolveu uma propina ao Governo FHC de US$ 100 milhões, conforme informações dos diretores da Pérez Companc e de Oscar Vicente, principal operador de Menem e, durante os primeiros anos de nossa gestão, permaneceu como diretor da Petrobrás na Argentina", disse Cerveró.
 
"Cada diretor da Perez Compancq recebeu 1 milhão de dólares como prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente 6 milhões. Nos juntamos a Perez Compancq com a Petrobras Argentina e criamos a PESA (Petrobras Energia S/A) na Argentina", contou o ex-diretor já condenado na Lava Jato.
 
De fato, a estatal sob o comando do presidente Francisco Gros comprou 58,62% das ações da Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc, em outubro de 2002, representando um total de US$ 1,027 bilhão de remessa para a então maior empresa petrolífera independente da América Latina. 
 
Em fevereiro do último ano, Fernando Henrique Cardoso  disse que a corrupção da Petrobras começou com o PT. "Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e ministra de Minas e Energia) e do ex-presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários", havia afirmado.
 
Agora, FHC defendeu que declarações "vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobrás já falecido (Francisco Gros), sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação".