segunda-feira, 23 de maio de 2016

Petroleiros repudiam novo presidente da Petrobras

Federação de trabalhadores repudia a nomeação de “um ex-ministro de FHC que chancelou processos de privatização"


 Novo presidente da Petrobras, o ex-ministro Pedro Parente, que foi chefe da Casa Civil do ex-presidenta Fernando Henrique Cardoso (FHC), terá de lidar, logo na largada, com a insatisfação dos petroleiros.
Em nota, a Federação Única dos Petroleiros repudia a nomeação de “um ex-ministro de FHC que chancelou processos de privatização e tem em seu currículo acusações de irregularidades e improbidade na administração pública”. Eles citam contratos de parceria com o setor privado para construção de usinas termoelétricas, entre 2000 e 2003, que “geraram prejuízos de mais de US$ 1 bilhão à Petrobras, que se viu obrigada a assumir integralmente as termoelétricas para evitar perdas maiores”.
Leia abaixo: 
REPUDIAMOS A INDICAÇÃO DE PEDRO PARENTE PARA A PRESIDÊNCIA DA PETROBRÁS
A indicação de Pedro Parente para a presidência da Petrobrás é fortemente rechaçada pela Federação Única dos Petroleiros.
É inadmissível termos no comando da empresa um ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso que chancelou processos de privatização e tem em seu currículo acusações de irregularidades e improbidade na administração pública.
O perfil ultraliberal de Pedro Parente o descredencia por completo para assumir o comando de uma empresa estatal que tem sido a âncora do desenvolvimento e das políticas públicas estruturantes do país.
Sua nomeação está na contramão das lutas travadas pelos trabalhadores para evitar o desmonte do Sistema Petrobrás.
O currículo de Pedro Parente não deixa dúvidas sobre que lado ocupa na luta de classes. Ele participou ativamente dos dois mandados do governo FHC, onde atuou como Secretário Executivo do Ministério da Fazenda, entre 1995 e 1999, e como Chefe da Casa Civil, entre 1999 e dezembro de 2002. No final de 2000, passou a acumular a presidência da Câmara de Gestão da Crise Energética, o chamado “ministério do apagão”, responsável por uma série de arbitrariedades, como racionamento e cortes de energia e multas altíssimas impostas aos consumidores.
Um dos maiores escândalos protagonizados por Pedro Parente no governo tucano foram os contratos para compra de energia emergencial e as “compensações” feitas às concessionárias privadas e aos investidores atraídos pelo Programa Prioritário de Termeletricidade, que impôs prejuízos bilionários à Petrobrás. Professores do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP chegaram na época a denuncia-lo ao Ministério Público Federal por improbidade administrativa.
Sob a chancela de Pedro Parente, a Petrobrás teve que assinar contratos de parceria com o setor privado para construção de usinas termoelétricas, entre 2000 e 2003, onde se comprometeu a garantir a remuneração dos investidores, mesmo que as empresas não dessem lucro, bem como cobrir os custos dos empreendimentos, caso a venda de energia não fosse suficiente para sustentar os investimentos.
A chamada “contribuição de contingência” gerou prejuízos de mais de US$ 1 bilhão à Petrobrás, que se viu obrigada a assumir integralmente as termoelétricas para evitar perdas maiores. O valor das usinas, avaliadas em US$ 800 milhões, equivalia a um terço dos US$ 2,1 bilhões que a estatal teria que desembolsar para honrar as compensações garantidas aos investidores até o final dos contratos, em 2008. Tudo autorizado por Pedro Parente.
Não é com gestores deste perfil que a Petrobrás vencerá a crise que atravessa. A FUP repudia sua indicação e exige que toda a diretoria da gestão Bendine entregue seus cargos, caso o Conselho de Administração da empresa aprove a nomeação de Pedro Parente.
Os petroleiros seguirão em luta contra o desmonte do Sistema Petrobrás e não darão um minuto de sossego aos entreguistas.

Empresário é encontrado morto com suspeita de suicídio no bairro Alto da Boa Vista em Araripina, PE


O empresário Pedro Neto Pessoa, de 32 anos, natural da cidade de Fortaleza-CE, aparentemente cometeu suicídio por enforcamento nesta manhã de sexta-feira (20), por voltas das 9h00, em um apartamento localizado no posto do bairro Alto da Boa Vista, em Araripina (PE).

Pedro Pessoa era recém-chegado à cidade de Araripina, o mesmo era proprietário do restaurante Espetinho Delicia do Sertão, localizado no posto do Alto da Boa Vista.
Até o momento não se sabe, o motivo que levou o empresário Pedro Pessoa a cometer suicídio. 

terça-feira, 10 de maio de 2016

Fórum estadual traz debate sobre Política Nacional de Resíduos Sólidos e Sustentabilidade


A Fundação Demócrito Rocha realiza, no dia 2 de junho de 2016, o II Fórum Estadual de Gestão Pública e Resíduos Sólidos. O Fórum tem como tema “Cuidando do futuro sustentável no seu município.”  Os objetivos centrais serão:
  • Orientar todos os atores envolvidos para a gestão dos resíduos sólidos urbanos visando a efetividade da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS;
  • Com base no princípio da Responsabilidade Compartilhada convocar para uma atitude cidadã da população, sensibilizando para a necessária mudança de percepção em relação aos resíduos sólidos e promover a reconexão com a natureza e suas interdependências;
  •  Promover a prática de atitudes concretas que avancem de maneira compartilhada no caminho da sustentabilidade, com mudança de conceitos e o favorecimento de multiplicadores para a gestão dos resíduos sólidos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, Lei 12.305/2010 propõe a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
Os participantes receberão certificado online de participação. Os interessados no tema, devem realizar a inscrição no site http://fdr.com.br/residuossolidos/inscricao . Mais informações no número (85) 3255.6150, no e-mail: luciolacordeiro@opovo.com.br ou pelo link http://fdr.com.br/residuossolidos/ .
Serviço: II Fórum Estadual de Gestão Pública e Resíduos Sólidos
Dia: 2 de junho de 2016
Horário: 8h às 18h
Local: Gran Marquise Hotel – Salão Spázio
(Av. Beira Mar, 3980 – Mucuripe)

Paralisações contra golpe ocorrem em 15 estados

Articulado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, dia de mobilização indica resistência a possível gestão Temer
São Paulo
Barricada em Nova Santa Rita (RS) - Créditos: Comunicação MST
Barricada em Nova Santa Rita (RS) / Comunicação MST
Organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, ações e mobilizações foram realizadas em, ao menos, 15 estados brasileiros na manhã desta terça-feira (10), “Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Democracia e dos Direitos Trabalhistas". Os atos incluíram manifestações de rua, bloqueio de vias e paralisações em escolas, faculdades e empresas. As organizações que articulam as atividades afirmam que os protestos indicam a disposição de resistência da classe trabalhadora contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a um possível governo do então vice-presidente Michel Temer.
Até o fechamento desta matéria, diversos protestos ocorreram nos seguintes estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Rondônia, Pernambuco, Paraíba, Espírito Santo, São Paulo, Pará, Piauí, Maranhão, Paraná e Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal.
Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), que integra a FBP, diz que as manifestações de hoje são um indicativo do que ocorrerá caso Temer assuma como presidente, instaurando um “governo ilegítimo, ilegal, fruto de um golpe sem base jurídica”.
“Quanto mais eles apertam do lado de lá, nós temos que apertar do nosso lado. Estamos dando uma sinalização de que eles não vão atacar a Constituição e nossos direitos sem resistência popular. É uma demonstração! Terá muito mais, caso o impeachment continue”, diz Bonfim.
MG
Em Minas, as BRs 262 e 116 fechadas por agricultores familiares. Bloqueios ocorrem nas cidades de Realeza e Manhuaçu. A BR 040 também foi fechada, o que inviabilizou o funcionamento das mineradoras Vale, Ferrous Resources, Gerdau e CSN na região.
RJ
Uma ação ocorreu na refinaria Duque de Caxias, realizada por petroleiros, atingidos por barragens e outros movimentos populares. A estrada que leva ao porto de Itaguaí também foi bloqueada. Mais atividades estão previstas para a tarde desta terça.
RS
Ao menos 15 rodovias foram bloqueadas no Rio Grande do Sul, entre elas, as que passam por Viamão, Eldorado do Sul, Nova Santa Rita, Pelotas, Rio Grande, Santana do Livramento, Manuel Viana, Bossoroca, Alvorada, Julio de Castilhos, Santa Maria, Carazinho, Marcelino Ramos e Caxias do Sul. Houve paralisação de metroviários, bancários e professores estaduais.
BA
Houve bloqueios em rodovias, como as BA 522 e BR 324. Aulas na Universidade Federal da Bahia (UFBA) também foram interrompidas.
RO
Em Rondônia, atingidos e atingidas por barragens militantes do MAB participam das mobilizações contra o golpe, bloqueando vias.
PE
A BR 101, em Suape, em Pernambuco, foi bloqueada, o que gerou tensões com a tropa de choque da PM.
PB
João Pessoa, capital paraibana, amanheceu com garagens de ônibus e linhas de trem bloqueadas por manifestantes.
ES
A polícia repreendeu duramente protesto realizado em Vitória, Espírito Santo, que bloqueava uma das vias da cidade.
SP
Na região metropolitana de São Paulo, diversas vias foram bloqueadas pela manhã, incuindo a Marginal Tietê e a Avenida 23 de Maio, importantes eixos de ligação da cidade.
PA
Sem Terra bloquearam a rodovia estadual PA 275 na altura do acampamento Frei Henri, entre os municípiod de Curionópolis e Parauapebas.
PI
O entroncamento da BR 407 e BR 116 foi ocupado, na altura do município de Picos.
MA
Em Vargem Grande, manifestantes ocuparam a BR 222.
PR
Cerca de duas mil pessoas fizeram abraço simbólico no Banco do Brasil, da Praça Tiradentes, e na Caixa Econômica, na Praça Carlos Gomes, no Centro de Curitiba.
RN
As entradas de acesso ao campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte foram bloqueadas durante parte da manhã.
DF
Movimentos paralisaram as BRs 020 e 070.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Liberte-se dos combustíveis fósseis! Uma onda global de ações acontecerá de 2 a 15 de maio de 2016


Essa semana começou oficialmente o Liberte-se dos Fósseis no mundo
De 2 a 15 de maio de 2016, uma onda global de ações em massa terá como alvo os projetos mais perigosos relacionados a combustíveis fósseis para manter o carvão, petróleo e gás no subsolo e acelerar a transição justa para 100% de energia renovável. É o movimento LIBERTE-SE DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS, ou BREAK FREE 2016 em inglês.
Campanha contra combustíveis fósseis no Brasil terá ações de 4 a 15 de maio
Todos podem ajudar a fazer uma revolução energética, aproveitando o melhor momento da história para abandonar de vez os hidrocarbonetos, diminuir as emissões e conter as mudanças climáticas.
As pessoas em todo o mundo estão demonstrando ter coragem para enfrentar os poluidores onde eles são mais poderosos – dos corredores do poder, aos próprios poços de FRACKING para exploração de gás e petróleo de xisto e minas de carvão.

Desde o início de 2016, a indústria dos combustíveis fósseis enfrenta uma crise sem precedentes — com preços em queda, um novo acordo climático global e um movimento cada vez maior que exige mudanças. 

O mundo está ficando cada vez mais quente, o que é muito perigoso. Por meio de uma ação direta pacífica no mundo todo, nós podemos mostrar para aqueles que estão no poder que as pessoas de todos os lugares estão preparadas para resistir aos planos da indústria dos combustíveis fósseis de destruir o planeta.

Este é o momento que estávamos esperando. Devemos aproveitá-lo!
Para lutar contra as mudanças climáticas, é preciso ter coragem para enfrentar os agentes poluidores. Há anos as comunidades mais afetadas lideram essa luta, e em maio poderemos nos unir a elas.
A indústria dos combustíveis fósseis está naufragando numa crise financeira devido à histórica baixa nos preços. Ao mesmo tempo, os dois anos consecutivos de temperaturas recorde no mundo aumentaram o apoio para uma transição justa para energias 100% renováveis para todos.
Neste mês de maio, organizadores em todos os continentes estão planejando uma onda global de ações que dará ao mundo poder para enfrentar e acabar com a indústria dos combustíveis fósseis no seu momento mais frágil em gerações.
Precisamos pedir o fim das termelétricas e impedir que o FRACKING aconteça no BRASIL!
No Brasil, o calendário de ações já está definido graças ao apoio de diversas organizações climáticas, do movimento social, povos indígenas e comunidades tradicionais, sindicatos rurais e de trabalhadores, lideranças religiosas, academia, especialistas, ambientalistas e milhares de brasileiros.
350.org Brasil organiza o LIBERTE-SE com entidades parceiras como a COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil, Fundação Cooperlivre Arayara, Fórum Ceará no Clima, Cáritas Brasileira, Rede Evangélica Paranaense de Ação Social (Repas), UniSustentável, IBEN, Observatório Latino-Americano, entre outras. Para saber mais basta acessar https://liberte-se.org/ .
O objetivo é informar a população e abordar questões centrais da infraestrutura de petróleo e gás no país – desde as operações de FRACKING para extração de gás de xisto sobre os principais aquíferos, em terras de florestas, regiões agrícolas e pecuária, territórios indígenas, até o local onde ele é queimado, passando por seu transporte arriscado. Também lutamos contra as termelétricas, grandes consumidoras de água, altamente emissoras e injustas por natureza. O Brasil tem um expressivo potencial para geração de energias sustentáveis, que nos faria protagonistas na luta contra o aquecimento global.
Confira a agenda do LIBERTE-SE DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS no Brasil:
07 de maio – Em Toledo, moradores das cidades do Oeste do PARANÁ a serem impactas pela indústria dos combustíveis fósseis se reúnem para protestar contra o fraturamento hidráulico (FRACKING), tecnologia minerária altamente poluente para exploração de gás de xisto, no Parque Ecológico Diva Paim Barth a partir das 15 horas. A cidade é polo da resistência popular e já aprovou projeto de lei que proíbe operações contra o FRACKING.
9 de maio – Em Maringá, cidade do Norte do PARANÁ, o movimento LIBERTE-SE realiza uma intervenção artística durante a 44ª Expoingá, tradicional feira agropecuária e que reúne produtores rurais de todo o país e estrangeiros. Também haverá uma grande mobilização na região central da cidade.
14 de maio – Em frente à Termelétrica Pecém, no CEARÁ, ambientalistas, representantes de povos originários e tradicionais darão as mãos numa ação que irá denunciar um plano de governo para instalar novas termelétricas a gás e carvão no semiárido. Grande consumidora de águas e emissora de CO2, as termelétricas representam o que há de mais perverso para o ambiente e injusto para as pessoas.
15 de maio – Representantes do LIBERTE-SE estarão em Umuarama, no Paraná, para apoiar a apresentação de Projeto de lei que propõe a proibição de operações de FRACKING na cidade, e estabelece outras providências para impedir que toda a região seja impactada pela exploração de gás de xisto.
Destacamos que algumas ações do movimento global LIBERTE-SE em outros estados não puderam ser organizadas em função de ameaças aos nossos representantes, bem como pressão de grupos políticos e econômicos. Jamais colocaríamos em risco nenhuma pessoa ou grupo. A nossa luta e resistência ao avanço dos combustíveis fósseis não será abalada. Vamos continuar a pressionar e denunciar esta indústria suja e perversa. E vamos vencer!
Break Free 2016 – Una-se à onda global contra os combustíveis fósseis
Alemanha
No ano passado, 1500 pessoas entraram numa mina de carvão (lignito) na Renânia, e em maio desse ano outras centenas irão para a Lusácia, onde comunidades locais lutam há anos contra a mineração e os reassentamentos. Lá, elas se engajarão em uma ação para parar a escavação em uma das maiores minas de lignito a céu aberto, que a empresa sueca Vattenfall colocou à venda. A ação mostrará para qualquer futuro comprador que toda tentativa de desenvolvimento na indústria do carvão enfrentará resistência, e também demonstrará o comprometimento do movimento com um tipo diferente de sistema energético que priorize as pessoas e o planeta em vez do poder corporativo e do lucro.
Nigéria
As ações no Delta do Níger acontecerão em três localidades icônicas que representam as décadas de espoliação na região. As ações mostrarão claramente que a Nigéria, ou mais ainda, a África, não precisa das atividades poluidoras da indústria dos combustíveis fósseis. Elas também reafirmarão o fato de que a ação das pessoas continua sendo o caminho viável para salvar o planeta do vício que a humanidade tem em relação aos combustíveis fósseis.
Turquia
Líderes comunitários na região do Izmir confrontarão as táticas ilegais por trás do plano da indústria do carvão de construir mais quatro usinas de extração perto de suas casas, além da operação ilegal que ocorre atualmente. Eles se reunirão nos portões da enorme (e crescente) montanha de rejeitos usada pelas usinas de carvão das redondezas, contra uma ordem judicial de descartar os resíduos perigosos da queima do carvão sujo. Essa ação reunirá diversas lutas contra usinas de carvão específicas, em um posicionamento unificado contra o plano atual do governo turco de expandir consideravelmente o uso do carvão no país
Estados Unidos
Ativistas abordarão cinco áreas principais de desenvolvimento dos combustíveis fósseis: Novos oleodutos para areia betuminosa no meio Oeste, com uma ação perto de Chicago; FRACKING na área montanhosa do oeste com um evento nas proximidades de Denver; “trens-bomba” carregando petróleo e gás proveniente de operações de FRACKING para um porto em Albany, no estado de Nova York; a poluição devastadora da refinaria da Shell no norte de Seattle; e os perigos da perfuração para petróleo e gás em Los Angeles. Essas ações intensificarão as importantes campanhas locais que abordam as práticas injustas da indústria dos combustíveis fósseis, que prejudicam populações pobres e negras com a poluição causada por essa indústria.
Reino Unido
O grupo Reclaim the Power fechará a maior mina de carvão a céu aberto do Reino Unido – a Ffos-y-fran, no País de Gales, uma mina de 11 milhões de toneladas administrada pela empresa Miller Argent. A comunidade local combate a mina há anos, e enfrenta a ameaça de uma nova mina na vizinhança. O carvão do local também alimenta Aberthaw, uma estação de energia tão suja que vem transgredindo a lei há oito anos. Esta ação se solidarizará com eles, e com as comunidades nas linhas de frente da extração e das mudanças climáticas em todo o mundo.
Filipinas
No dia 4 de maio, o povo de Batangas, junto à comunidades e organizações que lutam contra o carvão em todo o país, convergirá em uma marcha até o coração da Cidade de Batangas. A manifestação é um protesto contra a termelétrica de 600-megawatt movida a carvão proposta pela JG Summit Holdings em Barangay Pinamucan Ibaba, e também pedirá pela moratória nacional sobre todos as novas propostas e projetos de expansão relacionados ao carvão nas Filipinas.
Ao confrontar o poder da indústria de combustíveis fósseis, podemos criar espaço para que algo melhor cresça em seu lugar: de projetos de energia limpa a soluções locais que possibilitem a transição justa para um novo tipo de economia.
Ao coordenar nossa escalada em todo o planeta em maio deste ano, mostraremos à indústria de combustíveis fósseis que ela não tem para onde fugir: O mundo está farto de sua poluição, corrupção e ganância.
Juntos, podemos fazer com que esse momento se torne um ponto de virada.
Publicado em NÃO FRACKING BRASIL

O que pensa Bernie Sanders, socialista que ameaça Hillary Clinton

 O senador americano Bernie Sanders vem ganhando protagonismo na disputa pela vaga do Partido Democrata na eleição presidencial dos Estados Unidos.

Tido como azarão diante da favorita Hillary Clinton, o político de 74 anos do Estado de Vermont venceu nesta terça-feira a primária no Estado de New Hampshire - após ficar atrás da ex-secretária de Estado por uma margem mínima em Iowa na semana passada.
Abaixo, alguns argumentos defendidos pelo pré-candidato:

1. Ele é socialista. Sanders disputa sob a denominação de "socialista democrata", mas em sua longa carreira política, passou a se sentir confortável com o temo "socialista" ("Sou socialista e todo mundo sabe disso").
Ele classifica sua ideologia política da seguinte forma: "Socialismo democrático significa que nós devemos criar uma economia que funcione para todos, não apenas para os muito ricos".
A briga de Sanders por tratamento igual para pobres e classe média, e contra a "classe bilionária", é tema central em sua campanha, e o manto socialista o tem posicionado mais à esquerda de Hillary.

2. 'As mudanças climáticas são reais'. Depois que a Agência de Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA afirmou que 2015 foi o ano mais quente já registrado, Sanders tuitou: "O debate acabou. As mudanças climáticas são reais e causadas por atividade humana".
Ele quer taxar emissões de carbono, cortar os subsídios aos combustíveis fósseis e investir em tecnologias para energia limpa.

3. 'O ensino superior deve ser de graça'. "A universidade é o novo ensino médio", escreveu Sanders em artigo no jornal Washington Post, argumentando que a igualdade de classes será impossível se a maioria dos americanos não tiver acesso ao ensino universitário.
Ele montou um plano para tornar gratuitas as mensalidades por meio da taxação dos mercados financeiros em Wall Street.

4. Posse de armas é "estilo de vida que não deve ser condenado". Sanders tem um passado dúbio quanto ao controle de armas, o que se explica pelo fato de ele vir de Vermont, Estado pró-armas e onde "99% das pessoas que caçam obedecem à lei", segundo o senador.
Ele apoia a checagem universal de antecedentes para compradores de armas, mas prefere o meio-termo no lugar de um amplo controle de armas.

5. 'Vidas de negros importam'. Embora Sanders tenha sido vaiado em um evento de sua própria campanha por membros do grupo Black Lives Matter, ele vem se encontrando com ativistas e concorda que a alta taxa de desemprego e encarceramento entre afro-americanos é uma evidência de racismo sistêmico nos Estados Unidos. Ele defende a reforma da Justiça criminal como saída para o problema.

6. Ele não aceita recursos dos chamados super PACs. Sanders se orgulha de que os doadores de sua campanha são majoritariamente indivíduos, que contribuem, em média, com US$ 27.
Ele chama de "desastrosa" a decisão da Suprema Corte Americana que deu aos super PACs, comitês que recolhem doações em nome dos candidatos, o direito de arrecadar dinheiro de corporações e sindicatos. "Não acho que bilionários devam ter o poder de comprar políticos", ele disse.

7. 'O salário mínimo deveria ser US$ 15 por hora, em vez dos atuais US$ 7,25'. Sanders afirma que ninguém que trabalhe 40 horas por semana deveria viver em condição de pobreza.
No entanto, economistas republicanos e democratas se mostram preocupados com a possibilidade de que tamanho aumento salarial tenha consequências problemáticas para cidades pobres e negócios em dificuldades.

8. 'Americanos estão cansados do bipartidarismo'. Por décadas, Sanders tem criticado tanto o partido Republicano como o Democrata, afirmando que os dois estão atados ao dinheiro das corporações.Sanders foi eleito para o Senado como independente, e muitos disseram que a rejeição do senador aos dois partidos o deixa isolado e sem força. Sanders argumenta que seu perfil alternativo é que faz crescerem suas bases.

9. Ele prefere viajar de classe econômica. Fotos de Sanders voando nas fileiras do fundo de um um voo comercial se tornaram virais e seus seguidores têm espalhado hashtags como #SandersOnAPlane para mostrar que o pré-candidato é um homem comum, que não desperdiçaria o dinheiro de quem paga impostos.Muitas imagens de Sanders viajando no assento do meio no avião renderam memes com Hillary e o republicano Donald Trump em jatinhos privados.

10. 'Os EUA deveriam adotar o sistema universal de saúde, pago pelo governo federal'. Sanders regularmente expõe sua admiração pelos sistemas de saúde do Canadá e dos países escandinavos.

11. 'US$ 1 trilhão de gastos em infraestrutura'. Sanders quer criar empregos com pesados investimentos em estradas, pontes, sistemas de tratamento de água, ferrovias e aeroportos, que gerariam, segundo ele, 13 milhões de novos postos em cinco anos.

12. 'Taxar os ricos'. Sanders quer pagar a maior parte de suas propostas com a criação de uma série de impostos e taxas, a maioria dos quais incidindo sobre os americanos ricos: gestores de fundos hedge, especuladores em Wall Street e grandes empresários.

13. 'A invasão ao Iraque jamais deveria ter acontecido'. Sanders votou contra a guerra iniciada em 2002 e afirma que não mudou de opinião. Ele chama a invasão de "a pior estupidez da política externa na história do país".

14. 'Nada de tropas em terra na Síria ou no combate ao Estado Islâmico'. Sanders acredita que a diplomacia deve sempre vir primeiro na política externa e afirma que os países do Oriente Médio devem liderar o combate na região contra o Estado Islâmico.

15. 'Estilo pessoal é perda de tempo'. Se os Obamas são chamados de o mais estiloso casal presidencial desde os Kennedys, a Casa Branca de Sanders seria certamente mais relaxada. A esposa do candidato, Jane O'Meara, afirmou que se o marido "tem sete suéteres, isso significa que três estão sobrando".Questionado por estar sempre descabelado, Sanders foi duro: "A mídia frequentemente gasta mais tempo preocupada com cabelo do que com o fato de que o maior país do planeta não garante saúde para toda sua população".

16. Ele gosta de ser chamado de "Bernie". Durante sua campanha para senador por Vermont, seus adesivos traziam somente o nome "Bernie". "É preciso atingir um estado elevado na política para que se possa ser chamado por seu primeiro nome", elogiou o senador Patrick Leahy, em 2007.

17. Ele adoraria disputar contra Trump. "Eu devo dizer a vocês que, pessoalmente, teria uma enorme satisfação de disputar (as eleições presidenciais) com Donald Trump".

Bernie Sanders vence primárias democratas no estado do Indiana





Segundo as projeções dos meios de comunicação social norte-americanos, quando cerca de três quartos dos círculos eleitorais estavam apurados, Sanders vencia com 53,2% dos votos, contra os 46,8% de Clinton.
Esta vitória surge após várias derrotas do senador, em estados como Nova Iorque, Connecticut, Pensilvânia e Maryland.
Do lado republicano, Donald Trump foi o vencedor no Indiana. Resultado que levou à desistência de Ted Cruz, abrindo caminho à corrida do milionário à Casa Branca.
As primárias culminarão com as convenções nacionais do Partido Democrata e do Partido Republicano em que serão nomeados os candidatos das duas forças políticas nas eleições presidenciais dos EUA, agendadas para novembro.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Sistema possibilita transformar caixas d'água em miniusina hidrelétrica!

Pensando numa solução para o problema, o casal de empreendedores Mauro Serra e Jorgea Marangon vem desenvolvendo um sistema extremamente simples e não poluente como alternativa para complementar ao uso da energia elétrica sem nenhum custo adicional aos moradores: a Unidade Geradora de Energia Sustentável (UGES), uma espécie de miniusina hidrelétrica que transforma o abastecimento de água utilizado nas caixas dágua em energia elétrica. O produto conta com recursos do edital Apoio a Modelos de Inovação Tecnológica e Social, da Faperj e foi patenteado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).




"A UGES transforma a passagem da água que abastece os reservatórios em um sistema gerador de energia. Vale destacar que o consumo diário de água no país é em média de 250 litros diários por pessoa, consumo que é totalmente desperdiçado como forma de energia. Ao desenvolver um sistema que reaproveita essa energia, podemos gerar eletricidade, sem emissão de gases e totalmente limpa", explica Mauro Serra.
Com pequenas dimensões, a unidade geradora é acoplada à entrada de água da caixa e conectada, por fios elétricos, a uma unidade móvel de tamanho aproximado a um pequeno container -- que pode ter rodinhas e ser móvel. Composta por várias partes, desde a válvula que regula a entrada de água, uma válvula pressurizadora para gerar pressão na saída para a caixa, fiação, unidade acumuladora móvel, composta de diversos aparelhos de recarga, inversor de energia, tomadas de saída para transformar a energia gerada em eletricidade, com espaço para duas baterias grandes, essa miniusina é autossustentável. Isso significa que o sistema só precisa de água circulando para gerar, armazenar e distribuir energia.
"Ao entrar pela tubulação para abastecer a caixa, a água que vem da rua é pressurizada pelo sistema gerador de energia, passando pela miniusina fixada e angulada na saída de água do reservatório. Girando com pressão mínima de 3 a 5 bar, ela gera nova energia, que, por sua vez, será levada, pelos fios elétricos, ao sistema que transformará a energia de 12 V em 110/220 V e a acumulará para abastecer o local. A energia elétrica gerada tem capacidade para abastecer lâmpadas de iluminação, geladeira, rádio, computador, ventilador e outros aparelhos domésticos", explica Mauro Serra.
"O sistema é simples: abastece de água a caixa, gera e acumula energia, abastecendo eletricidade para fazer funcionar eletrodomésticos da casa. Tudo vai funcionar de acordo com o consumo de água local. Ou seja, consumiu água, gerou energia", completa a engenheira Jorgea. Ela afirma ainda que, caso não haja demanda de energia, a eletricidade que sobra é exportada para um banco de baterias -- necessárias para garantir que a energia gerada pelo sistema seja armazenada. Ali, ela fica armazenada para eventuais necessidades. Equipamentos de alto consumo de energia, no entanto, como secadores de cabelo, ar-condicionado, chuveiros elétricos, ferros de passar roupa e fornos micro-ondas, não devem ser ligados ao equipamento", explica o empreendedor.
Os empreendedores destacam também que a unidade geradora deve ser compatível com o volume do reservatório de água local. "Em um lugar público, por exemplo, onde a quantidade de água consumida é maior, tem-se uma caixa dágua maior. Logo, a UGES deverá ter suas dimensões calculadas para esse consumo e, assim, gerar energia compatível. Se ela for instalada em um sistema de abastecimento de água municipal, poderá, por exemplo, ser dimensionada para gerar energia suficiente para abastecer a iluminação pública. Imagine então esse benefício em certos locais, como restaurantes, lavanderias, ou mesmo indústrias, onde o consumo de água é grande. Com o nosso sistema, esse gasto de água pode se tornar de vilão a um grande benefício para a geração de energia", afirmam entusiasmados Mauro e Jorgea.
O casal ainda chama a atenção para o fato de que além de poder ser empregada por municípios, o projeto pode ser disseminado de modo a minimizar o efeito de catástrofes ambientais que provocam falhas de transmissão e falta de energia elétrica. "Já que é independente da energia fornecida pelas distribuidoras, o sistema pode atender a cada residência. Ou seja, cada casa poderá gerar energia independente", destaca Serra. E ainda chama atenção para a eficiência e o custo-benefício da UGES, que é capaz de superar em muitas outras fontes de energia alternativa e não poluentes, como a solar e a eólica, pelo fato de gerar eletricidade de modo constante. "Sua instalação é adequada a qualquer lugar, a geração de energia é maior, não depende do sol nem ventos, é de pequeno porte e atende a qualquer tipo de consumo de água, seja para apenas um único morador, seja para um município", conclui Jorgea.

A revolução do xisto. Bom para a economia, péssimo para o meio ambiente




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 O gás extraído do xisto está transformando a produção de energia nos Estados Unidos e poderá tornar o país autossuficiente em 2035. A novidade significa uma revolução econômica e política, mas traz consequências perigosas ao meio ambiente – e protestos no mundo todo. O Brasil também já entrou na era do xisto.


Nada como uma revolução tecnológica para virar o mundo de cabeça para baixo e obrigar cientistas e governos a revisar os conceitos e refazer as previsões. Quem diria que os Estados Unidos, o maior consumidor de energia do mundo, poderiam se tornar autossuficientes em 2035? Pois esse é o prognóstico da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) no relatório 2012, o World Energy Outlook, ao analisar as transformações por que o país vem passando desde que uma rocha – o xisto – e um polêmico meio de extrair petróleo e gás – o fraturamento hidráulico, mais conhecido como fracking – ganharam peso na produção energética americana. A extração do gás contribui para a recuperação econômica do país, mas abre perspectivas sinistras ao meio ambiente, alarmando os ecologistas.
Os EUA possuem enormes reservas de xisto, mas até 2006 os métodos disponíveis para extrair combustível da rocha eram caros e não compensavam o investimento. Naquele ano, porém, empresas de petróleo e gás começaram a usar o fracking nessas áreas. O resultado não tardou: já existem mais de 20 mil poços em operação no país, e o gás natural, que até 2000 representava 1% da produção americana de energia, saltou para 30% em 2010 e poderá chegar a 50% em 2035.
Embora alguns especialistas afirmem que o tempo de produção de cada um desses poços não superará 15 ou 20 anos, a dimensão das reservas norte-americanas de xisto garante uma boa longevidade ao setor. “Os suprimentos de gás natural agora economicamente recuperáveis do xisto nos EUA poderiam acomodar a demanda doméstica do país por gás natural nos níveis atuais de consumo por mais de cem anos”, anunciaram os pesquisadores Michael McElroy e Xi Lu, da Universidade Harvard, no artigo “Fracking’s Future”, publicado na edição de fevereiro de 2013 da Harvard Magazine.

Usina para o fracking do xisto na província de Sichuan, China
Usina para o fracking do xisto na província de Sichuan, China

Preços baixos e menos poluição
Em geral favorável às energias renováveis, o governo do presidente Barack Obama tem apoiado politicamente a produção do gás de xisto, mesmo com a controvérsia ambiental que cerca a questão. Em primeiro lugar, o gás natural é o menos poluente dos combustíveis fósseis, uma vantagem para um país que usa carvão e petróleo para gerar energia. A Agência Ambiental Americana (EPA, na sigla em inglês) credita a melhora geral da poluição atmosférica no país nos últimos anos ao aumento no uso do gás de xisto.
Em segundo lugar, as vantagens econômicas são indiscutíveis. O gás de xisto fez o preço do insumo cair nos EUA, nos últimos anos, de US$ 12 para US$ 3 por milhão de BTU (sigla para British Termal Unit, “unidade térmica britânica”, medida usada para gás). Para comparar, o preço do gás convencional no Brasil custa entre US$ 12 e US$ 16 por milhão de BTU. A queda de preços faz os EUA importarem menos petróleo, explica o físico José Goldemberg, “uma vez que aquele combustível vem substituindo derivados do petróleo tanto na indústria quanto no transporte”. O país passou até a exportar gás.
A terceira razão é geopolítica: a autossuficiência energética livraria os EUA da dependência de fornecedores problemáticos e/ou potencialmente hostis, como os países árabes, a Venezuela e a Rússia. Como efeito colateral, a saída do mercado desse megacomprador baixaria os preços do petróleo e até poderia inviabilizar alguns projetos de produção, salienta Goldemberg. “Até a exploração do pré-sal no Brasil poderia ser afetada por essa queda de preços”, adverte o físico.

Nas proximidades da cidade de Nova York, o xisto é abundante e aparece em placas, na superfície do terreno
Nas proximidades da cidade de Nova York, o xisto é abundante e aparece em placas, na superfície do terreno

Na avaliação da IEA, o Brasil é o décimo colocado em reservas de gás de xisto tecnicamente recuperáveis, com 6,3 trilhões de metros cúbicos de reservas, basicamente no Centro-Sul. Para a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, porém, as reservas em terra podem superar as do pré-sal e chegar a 14,16 trilhões de metros cúbicos. “Isso ainda precisa ser comprovado”, ressalva ela. “Temos de investir e saber o potencial do país.”
O Brasil não tende a se atirar ao gás de xisto, pois mal começou a exploração da camada do pré-sal, mas a nova riqueza não escapa aos olhos do governo. Das 72 áreas leiloadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) leiloou em novembro de 2013, 54 envolviam bacias de xisto. Empresas como Petrobras, HRT, OGX, Orteng, Cemig e Petra já demonstram interesse na extração do gás de xisto.

Protestos contra o fracking do xisto, no Canadá
Protestos contra o fracking do xisto, no Canadá

Trâmites habituais
A polêmica que cerca o fracking não representa problema, de acordo com as autoridades. A ANP reconhece que faltam estudos sobre os impactos ambientais do método. Um comunicado à imprensa, em 13 de maio passado, afirma que “o tema do fraturamento hidráulico tem causado alvoroço na imprensa mundial, pois seus riscos não foram esclarecidos plenamente”. Mas a agência previa que o leilão de novembro seguiria os trâmites habituais, com as áreas “previamente analisadas quanto à sensibilidade ambiental pelo Ibama e pelos órgãos estaduais competentes”.
O secretário de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, considera que bastam algumas adaptações para dar conta das variáveis envolvidas. “Teremos algumas exigências adicionais (em relação aos leilões habituais), como fraturamento com poço revestido, cimentação mais adequada e projeto aprovado pela ANP”, afirma. Por seu lado, o Ministério do Meio Ambiente informa – olimpicamente –, que não tem relação com o tema.
Na seara ambientalista, porém, a dupla fracking-gás de xisto causa engulhos. “O único argumento por trás da exploração é o econômico”, diz Carlos Rittl, coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia da organização ambientalista WWF-Brasil, que critica a ausência de discussão sobre os aspectos sociais e ambientais da questão e a guinada do Brasil rumo aos combustíveis fósseis, na contramão do que recomenda o aquecimento global.

Na Inglaterra, um boneco monstruoso representando o fracking é levado por manifestantes contrários ao uso dessa tecnologia
Na Inglaterra, um boneco monstruoso representando o fracking é levado por manifestantes contrários ao uso dessa tecnologia

“Há uma clara vontade política para que a exploração por meio de fracking aconteça, especialmente após as recentes avaliações muito otimistas sobre o potencial de gás de xisto em terra, no Brasil”, afirma Antoine Simon, da divisão europeia da organização internacional Amigos da Terra. “Até agora, não existe nada específico sendo estudado pelo Ibama, Ministério do Meio Ambiente ou ANA (Agência Nacional de Águas)”, lamenta o ex-deputado Fabio Feldmann (PV).
De qualquer forma, não custa pensar como São Tomé e aguardar para ver. Afinal, no pré-sal os combustíveis já estão prontos para extração, enquanto a exploração do gás de xisto envolve uma série de indefinições. “No Brasil, pelo menos até agora, não temos legislação específica para o gás não convencional nem incentivos fiscais ou financeiros que aumentem a atratividade do investimento”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura. “As reservas nós já temos. Se a produção vai se dar em 2 ou 10 anos, depende da vontade do governo de enfrentar os gargalos que prejudicam o mercado de gás no Brasil.”

A extração do xisto betuminoso costuma promover destruição em vasta escala do terreno circundante. Isso é o que acontece nessa zona do Canadá
A extração do xisto betuminoso costuma promover destruição em vasta escala do terreno circundante. Isso é o que acontece nessa zona do Canadá

Rocha transformadora
Xisto é o nome popular da rocha denominada folhelho. Uma de suas variações, o xisto betuminoso, contém querogênio nos poros, uma mistura de compostos químicos orgânicos a partir da qual se produz hidrocarbonetos como óleo e gás (sobretudo metano). Estima-se que os depósitos de xisto betuminoso no mundo equivaleriam a um volume entre 2,8 trilhões e 3,3 trilhões de barris de óleo recuperável, enquanto as reservas provadas da Arábia Saudita, o maior produtor mundial, eram de 265,4 bilhões de barris em 2011. Já as reservas de gás de xisto seriam de 187,51 trilhões de metros cúbicos. Confira a seguir os países que abrigam as maiores jazidas do mundo.

Reservas tecnicamente recuperáveis de gás de xisto
(em trilhões de metros cúbicos)
China
36,10
EUA
24,41
Argentina
21,92
México
19,28
África do Sul
13,73
Austrália
11,21
Canadá
10,99
Líbia
8,21
Argélia
6,54
Brasil
6,40*
Fonte: IEA, 2009
* Só considera a Bacia do Paraná

Impactos ambientais
O fraturamento hidráulico, ou fracking, é conhecido desde a década de 1940, mas o aumento nos custos da exploração de petróleo e gás viabilizou economicamente sua utilização nos últimos anos. Os poços abertos para trazer à superfície os combustíveis contidos no xisto são inicialmente perfurados no sentido vertical, em geral até 2 mil metros de profundidade. Quando se atinge a camada desejada, entra em cena a inovadora perfuração horizontal, numa extensão que costuma variar entre 300 e 2.000 metros.
Por esse duto se injeta água, a uma pressão bastante alta, misturada com areia e produtos químicos. A manobra causa fraturas nas rochas, por onde é liberado o combustível. Este sobe com a água para tanques de armazenagem, onde os produtos são separados.

Após ser retirado das rochas de xisto pela tecnologia do fracking, o gás é canalizado e levado aos consumidores
Após ser retirado das rochas de xisto pela tecnologia do fracking, o gás é canalizado e levado aos consumidores

O fracking está longe de ser unanimidade. Na Europa, ele é permitido no Reino Unido e na Polônia, mas já foi proibido na França e na Bulgária. Nos EUA, os Estados de Nova York, Pensilvânia e Texas aprovaram regulamentações exigentes relativas ao método. Os principais problemas são os seguintes:
1) Vazamento – Muitos depósitos de xisto estão abaixo de aquíferos. Se a vedação do poço tiver falhas, produtos químicos usados no fracking poderão ser liberados na água. Embora um executivo da Halliburton tenha sido notícia em 2011 ao beber o fluido de fracking utilizado pela empresa, para mostrar que ele é seguro, há dúvidas sobre a composição desse material. Uma pesquisa da Universidade Duke (EUA) detectou um aumento da concentração de metano na água potável na vizinhança dos poços, que pode ocasionar incêndios ou explosões.
2) Contaminação – A mistura de água, areia e produtos químicos injetada nos poços sobe gradualmente para a superfície, podendo contaminar o solo e a água.
3) Consumo de água – Retirar as imensas quantidades de água usadas no processo pode prejudicar os ecossistemas da região. Calcula-se que um poço normal exija em média entre 11 milhões e 30 milhões de litros de água durante sua vida útil.
4) Terremotos – Embora cientistas britânicos afirmem no Journal of Marine and Petroleum Geology que o fracking não causa abalos sísmicos importantes, não há consenso sobre o tema. Para eliminar o problema, um dos autores do estudo, o professor Richard Davies, da Universidade de Durham, sugere evitar perfurações perto de falhas tectônicas.
5) Poluição originária do processo – Um estudo da Universidade Cornell divulgado em 2011 na revista Climatic Science estima que a pegada de carbono do processo de extração do gás de xisto seja até 20% maior do que a do carvão, o mais “sujo” dos combustíveis fósseis.

Área de extração do xisto em São Mateus do Sul, no Paraná
Área de extração do xisto em São Mateus do Sul, no Paraná

Xisto paranaense
O Brasil explora o xisto comercialmente desde 1972, quando a Petrobras abriu sua refinaria de Industrialização do Xisto, a SIX, em São Mateus do Sul (PR). A cada dia, cerca de 7 mil toneladas de xisto são retiradas do solo por técnicas de mineração, moídas e submetidas a altas temperaturas. Desse processo são obtidos diariamente 4 mil barris de petróleo, além de derivados como o enxofre.
A atividade apresenta dois impactos ambientais salientes. O primeiro, ligado ao processo de abertura das minas, envolve a retirada da vegetação e do solo. O segundo, relacionado ao processamento e refino, é a emissão de gases-estufa. A Petrobras afirma que controla as emissões e recupera em escala industrial as áreas exploradas desde 1979. Um estudo da Universidade Federal do Paraná feito em 2009 reforça essa tese, ao mostrar que o solo original e o recuperado tinham composição química bem parecida.
Por outro lado, uma pesquisa do Instituto Ambiental do Paraná, órgão fiscalizador do Estado, revela que a SIX foi multada em 2004 e 2006 por descumprir normas de qualidade de água. Outro estudo, de Helvio Rech, da Universidade Federal do Pampa (RS), detectou que a exploração do xisto está diretamente relacionada à incidência de problemas respiratórios na população de São Mateus do Sul.